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| Dr. Martinho Rodrigues - Médico e Membro da SOBRAMES-CE |
CONTRADITÓRIO
(do livro Em Tempo de Poesia)
Não sou o que era ainda agora.
Agora sou o que não era.
Se fico, quero ir embora,
Embora ficar quisera.
Se devo falar, me calo.
Se é pra calar, muito falo.
Sem pressa, estou apressado.
Estando apressado, espero.
Alegre, de pronto, choro.
Se for pra chorar, sorrio.
Se for urgente, demoro.
Se é pra chover, faço estio.
Não quero nunca o que tenho,
Mas tenho o que nunca quero.
Se muito quero, não tenho.
Se tenho muito, não quero.
Se sou tão contraditório,
Não é surpresa, afinal,
Normal, de longe, é ilusório...
Alguém, de perto, é normal?
O encanto do ser humano se encontra em suas contradições. Belo poema! A rosa vai dedicada a sua mente brilhante e à sua brandura. Parabéns!
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