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domingo, 14 de abril de 2013

POR: AIRTON FERRO MARINHO - ABERTURA DE NOVAS FACULDADES DE MEDICINA




Dr. Airton Ferro Marinho - Médico e Membro da SOBRAMES-CE

ABERTURA DE NOVAS FACULDADES DE MEDICINA

                                   PONTO DE VISTA
                                                                      
                        O que vemos, atualmente, é a liberação de novas Faculdades de Medicina, o que nos causa espécie, principalmente aqui no Ceará, onde já temos sete  e  se fala na Inauguração da oitava, na cidade de Quixadá, a Raínha do Sertão. Preocupamo-nos não com a qualidade de ensino teórico, pois sabemos que a docência está eficiente e profícua, uma vez que o mestrado e o doutorado são condições básicas e indispensáveis para a seleção de seus professores. Sabemos que, com a globalização, a tecnologia muito tem evoluído e as aulas são ministradas com muitos recursos áudio-visuais, virtuais e com a mais moderna tecnologia eletrônica, onde os alunos podem utilizar a internet como fonte de pesquisa e de consultas.
                       A formatura de 400 a 500 médicos por ano, aqui no Ceará, em breve, saturará o mercado desses neófitos profissionais e, dificilmente, terão o retorno das mensalidades em Faculdades Particulares,  que são em torno de R5.000,00 por mês, fora os livros e apostilas, combustíveis, merendas e às vezes alojamentos. Os neófitos terão que se superar nos testes de seleção para a Residência Médica, que já chegou a uma vaga para 80 candidatos. A correria para o mestrado e para o doutorado também é grande, pois muitos procuram estes cursos de pós-graduação, apenas visando o dinheiro das bolsas, pois lhes faltam empregos e outras oportunidades nas empresas particulares e concursos públicos. A rigor, estes cursos de Mestrado e de Doutorado são apenas para quem gostaria de se dedicar à Docência Universitária, como antigamente, quando aqueles convidados ou interessados realmente levavam recomendações de Catedráticos para, após a conclusão destas pós-graduações, voltarem com um lugar já garantido.
                      E o exercício da profissão propriamente dita? Onde haverá lugar para tantos, já que no momento é bastante difícil, mesmo para as cidades interioranas, que não cumprem as Leis Trabalhistas e outras vezes são apenas de cunho eleitoreiro, com prejuízo para os colegas ávidos para trabalharem e empregarem os seus conhecimentos recém-adquiridos, onde muitas vezes, não vão ter oportunidade de utilizarem equipamentos e laboratórios de análises clínicas de exames propedêuticos, como aprenderam nas Faculdades? Em algumas cidades interioranas não há sequer o básico indispensável neste setor científico, nem condições mínimas de qualidade de vida.
                    Pelo que ouço e vejo é que o Conselho Federal de Medicina é contrário à instalação de novas Faculdades e ameaça até  fechar algumas, principalmente no Sudeste e Sul do País. No entanto, a proliferação continua e o Ministério da Educação e Cultura aprova.
                     Minha impressão é que o Estado do Ceará que exportava braços para o Sudeste nas décadas de 1940, de 1950 e de 1960 para Brasília, principalmente para a construção civil,  está fazendo  agora também com  humoristas, jogadores de futebol e, muito em breve, com médicos. Esta é a triste verdade! A Organização Mundial da Saúde preconizava um médico para 1.000 habitantes e já vemos que o Ceará está com excesso destes profissionais da Saúde, uma vez que as últimas estatísticas mostram que há um  médico para 700 habitantes. E o número vai inchando….
                     Urge que reunamos esforços para enfrentarmos esta situação e acompanhemos o evolver científico e prático, para que estejamos aptos para exercermos a Medicina no presente e no futuro e recebamos de muito bom grado os novos colegas, com os princípios básicos desta Ciência e Arte, que nos desafia e nos encanta dia a dia. Pautados, pois, nos princípios éticos, morais e deontológicos, enfrentemos as novidades das pesquisas, dos estudos e dos desafios da época do genoma e da clonagem, que nos motivam e muito nos engrandecem nesta difícil, porém bonita e sublime profissão, a despeito de alguns acharem que ELA seja uma verdadeira Mistress, que nos trás desconforto, mas que não conseguimos abandoná-la.
                                                                                                   

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