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quarta-feira, 16 de outubro de 2013

POR: CELINA CÔRTE PINHEIRO - CIRURGIAS PLÁSTICAS EM EXCESSO




Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da Sobrames-CE
 
Publicado no DN, 13/10/2013                                                               
           
            Um dia desses, vi um ser extraterreno! Parecia gente, mas ao mesmo tempo, um ser de outra galáxia. Possuía dois braços e duas pernas como a maioria dos humanos, cabelos longos e um corpo bastante esbelto. Os cabelos se assemelhavam aos da Pequena Sereia, longos, levemente anelados, em tom avermelhado. As nádegas volumosas e bem arredondadas chamavam a atenção por seu formato semelhante ao de duas bolas de soprar. Quando se virou de frente, percebi duas saliências, igualmente bem arredondadas, no local das mamas... Novamente, a mesma impressão de enormes bolas de soprar. Não havia aquela beleza natural que identificamos em uma pessoa, embora eu reconheça que os padrões estéticos variem entre diferentes culturas. Tudo era artificial, quase assustador e risível. Ela se sentia maravilhosa... Mas não era! Havia se transformado em um novo ser, à custa de muito silicone e outros ajustes cirúrgicos que lhe proporcionaram um corpo bem delineado e um aspecto ficcional. Não era mais deste mundo. E, certamente, pagara bastante por tal transformação.
            A cada dia, mais e mais pessoas se submetem a cirurgias plásticas, no intuito de eternizarem sua juventude ou terem corpos bem definidos. Não sou contra e, muitas vezes, os efeitos auferidos vão além da estética. Uma nova imagem pode contribuir na melhoria da auto-estima e da autoconfiança. O problema, contudo, está no exagero. Qual Narciso, a pessoa não consegue deixar de se mirar no lago encantado do espelho à procura de outras imperfeições que possam ser corrigidas. Passam a buscar mudanças estéticas obsessivamente, na expectativa de que um novo aspecto lhes traga a felicidade eterna. Frustram-se como hedonistas e não se tornam felizes para sempre como prometem os contos de fadas. Transformam-se em seres de beleza duvidosa, com um corpo dissonante e artificial, quando não perdem a vida pelo excesso de vaidade. Precisam mais de um bom terapeuta da alma humana do que de cirurgiões plásticos. A estes, caberia coibir tais exageros, deixando de lado a própria vaidade e o desejo de auferir lucros.

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