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quinta-feira, 28 de novembro de 2013

POR: FÁTIMA AZEVÊDO - CLAVE DE FÁ

 
Dra. Fátima Azevêdo - Médica e Membro da Sobrames-CE
CLAVE DE FÁ 
 

De DÓ já não sei falar, porque a RÉ não vou passar.
Se ME esqueceste tão bem, pra ti eu nunca fui FÁ.
Do SOL eu posso dizer, muita força ele me dá.
Mas já se foram os sonhos e LÁ longe hão de ficar.
Mas SE acaso ‘inda me queres, são meus os DÓS
que tu tens aos  poucos que retirar, pra que possamos,
quem sabe, outra pauta começar.

POR: ANTERO COELHO NETO - CAUSAS E EFEITOS

Dr. Antero Coelho Neto - Médico e Membro da Sobrames-CE
 
                                     CAUSAS E EFEITOS
 
Publicado no Jornal "O POVO" 27/11/2013
 
          Continuando o assunto tratado em um nosso artigo anterior e, no momento atual do Brasil, é fundamental discutir sobre as Causas e Efeitos de nossa crise, para poder fazer um plano para o desenvolvimento futuro de nosso país. É necessário destacar que muitos Efeitos se transformam  em outras Causas de maior gravidade. É o que tem acontecido.
          Há vários anos atrás, passei a defender que as Causas Fundamentais de nossos grandes problemas,  seriam: 1. Má distribuição da renda - 2. Educação e 3. Saúde. Outros condicionantes discutidos e trabalhados seriam de menor valor. Também tenho destacado, desde há vários anos, inclusive neste Jornal, há 30 anos, o que tenho aprendido em saúde e educação, na América Latina, como Consultor e Representante da OMS/OPS em vários países latinos e no Brasil como Diretor, Reitor e Planejador de vários organizações e programas e projetos nessas áreas. E também, muito importantes, são as dimensões Qualidade e Quantidade de Vida dependentes diretas da nossa educação e saúde. Cito esta minha formação, não para destacar meus títulos, mas para justificar o valor que dou ao que aprendi e defendo. 
          O Brasil tem a 2ª pior distribuição de renda no Mundo (75% da riqueza pertence a 10% da população) e é a 4ª pior da América Latina (ONU). Tem melhorado alguma coisa nos últimos 10 anos, mas ainda insuficiente para compensar essa grave distorção. Por outra parte, os brasileiros contribuem excessivamente com outros tipos de impostos, o que complica ainda mais a solução desses problemas.
A Suécia é o país onde a alíquota máxima do imposto de renda (IR) para a pessoa física é a mais alta do mundo. Os suecos que ganham mais, entregam para o governo até 58,2% dos seus rendimentos
          No Brasil são milhões de habitantes pobres e muito pobres que o modelo adotado de distribuição de renda tenta esconder. Amigos, temos milhões e milhões de brasileiros sem renda suficiente para viver dignamente, sem educação e sem saúde. E como vão viver os que estão nas áreas miseráveis de nossas cidades periféricas? Passam a usar drogas, cometer violências, matar e perturbar a nossa sociedade. E também muita corrupção apareceu, inclusive na área política com muitos de “nossos” representantes elaborando processos escusos de roubos, em vários graus, de nossos sistemas de representação municipal, estadual e federal.
          Claro que, agora, fica muito difícil resolver esta situação através de uma simples melhoria na distribuição de renda da população. Vários outros problemas apareceram e o que nós considerávamos como Causas, se transformaram em Efeitos graves e de difícil solução política, financeira e social. E agora são Causas muito importantes.
          Como não temos notícias da elaboração de um Plano Nacional, articulando para o presente e para o futuro, como deveríamos ter, as Causas e os Efeitos estão todos misturados e sem nenhum significado para todos.
          Mas, “uma luz apareceu no fim do túnel” : esperemos, então,  ação do Supremo Tribunal Federal (STF) que, finalmente, funcione e perdure, para que, finalmente, nos livremos do aposto “Brasil país da impunidade”.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

POR: WILLIAM HARRIS - A VITÓRIA DA VIDA



Dr. William Harris - Médico e Membro da Sobrames-CE


A Vitória da Vida

Prof Catedrático Vicente de Sampaio Lara (RIP) USP
(Traduzido do Alemão - Autoria desconhecida)


Pobre de ti se pensas ser vencido;
tua derrota é caso decidido!
Queres vencer, mas como em ti não crês,
tua derrota esmaga-te de vez.

         Se imaginas perder, perdido estás.
         Quem não confia em si, marcha para traz;
         a força que te impele para a frente
         é a decisão firmada em tua mente.

Muita empresa termina em fracasso
inda antes do primeiro passo;
muito covarde tem capitulado
antes de haver a luta começado.

         Pensa em ser grande e os teus feitos crescerão;
         Pensa em ser pequeno e irás depressa ao chão.
         O querer é o poder arquipotente;
         é a decisão firmada em tua mente.

Fraco é aquele que fraco se imagina;
olha no alto o que ao alto se destina.
A confiança em si mesmo é trajetória
que leva aos altos cimos da vitória.

Nem sempre, o que mais ocorre, a meta alcança,
nem mais longe o mais forte o disco lança.
Mas, o que é certo em si, vai firme e em frente,
com a decisão firmada em sua mente.
______________________________________________________
Ofereço esta poesia, magnificamente traduzida pelo meu ex-professor de saúde materno-infantil da Fac.de Saúde Pública –USP, aos companheiros da Sobrames-CE na reunião periódica de dezembro de 2013.  WILLIAM MOFFITT HARRIS, Campinas-SP

POR: FLÁVIO LEITÃO - A VENTURA DE GAMALIELZINHO




Dr. Flávio Leitão - Médico e Ex- Presidente da Sobrames-CE
 Caricatura- Isaac Furtado
                                                
                                A VENTURA DE GAMALIELZINHO

Os Martins do Monte tinham sua origem, como a maioria dos que habitavam aquele requintado bairro, no velho Portugal. E se isto, por um lado lhes dava uma certa superioridade e lhes permitia uma posição sobranceira, por outro lado, lhes deixava meio inibidos. Não se aventuravam muito a perquirir origens. Quem sabe tivessem seus ancestrais sido “degredados filhos de Eva”, que o Senhor Rei banira, num ato de colérica majestade?
De qualquer modo, ou por pura sorte, ou por real mérito, a família toda era considerada e não havia desvelada mãe que não tentasse o acasalamento de suas filhas com um dos inúmeros varões da Martins do Monte. 
A matriarca tinha estranho nome que o pai, rico latifundiário, na paucidade dos seus conhecimentos, lhe dera – Rimada. Chamavam-na, na intimidade, carinhosamente, Dª. Rima, dourava-se, assim o esdrúxulo nome. O apodo rimava com o lindo rosto, onde expressivos negros olhos separavam um gracioso e arrebitado nariz, a tez morena como se fora misteriosa moura, o todo de mulher que sabe impor sua vontade pela sabedoria e pela coragem: uma senhora! Habitavam um casarão totalmente rodeado por trabalhadas colunas romanas, de puro mármore, que o avô trouxera diretamente da Itália e que sustentavam um largo alpendre, onde a meninada toda fazia suas estripulias, sem chegar a quebrar, com indesejável freqüência, ricos biscuits. 
Para maior pomposidade da casa dos Martins do Monte, o engenheiro a construíra elevando-a do chão, de modo a deixá-la mais alta que todas as outras residências da redondeza, encimada que estava sobre um porão. Destinava-se o mesmo à guarda da desusada parafernália da família e era admitido, pelas crianças da região, como mal-assombrado.
Dizia-se, em rodas noturnas, de pura charla da meninada, que furtivos vultos de escravos negros, os dorsos nus e reluzentes de suor, passavam esgueirando-se pelas entradas de luz do porão, guardadas por pequenas barras de ferro trabalhado. Não havia por ali, menino que não se tivesse quedado diante daquelas entradas, os olhos hipnotizados, à procura de desvendar os mistérios que dela se contavam. Havia até quem jurasse ter ouvido pungidos ais dessas pobres criaturas, após estalidos como o de chicote ferindo rija carne.
Nunca se soube até hoje se verdade ou não! Também nenhum dos meninos se aventurara a adentrar tão soturno porão.
Julho era o mês de férias e Dª. Rima, com a costumeira paciência, fizera as malas da família e partira para a indefectível temporada no sítio da Serra. Nada mais merecido prêmio que esta viagem, para coroar a labuta diária do Dr. Manoel Augusto que sofria de sol a sol, nos foros da cidade, em homéricas contendas jurídicas, conhecido que era como um dos melhores causídicos! Não que considerasse o lugar de morada pouco agradável. Longe disto, mas o ar puro da serra, o esmagador domínio do verde, o viço indescritível da punjante flora, tudo era motivo para aquisição de energia, de revigoramento do espírito. Certamente por mera maldade, dizia-se até que o Dr. “Manelaugusto” ansiava por esse período, quando longe das contendas jurídicas, esquecidos os débitos, adquiria maior vigor sexual. O fato é que voltava toda família, numa esfuziante alegria que ia definhando, lentamente, no correr dos meses, até que novas férias viessem.
A manhã seguinte era uma dessas manhãs frescas de julho. O velho casarão se deixa ver agora, banhado pelo sol de ouro que desenhava, no espaço, fachos tremulantes de luz. Filetes de luz escoavam por dentre as copas orvalhadas das seculares árvores, que suavemente, emolduravam o pomar.
Face ao primitivismo da cidade, para completar o encanto de tão bucólica manhã, dançavam no ar, vaporosas gotículas que emprestavam um certo ar de misterioso fog londrino, impedindo que as coisas fossem vistas nas suas plenitudes, em virtude da grumosa atmosfera.
Somava-se a isto inusitado silêncio. É que ficaram no casarão apenas os dois irmãos Tadeu e Gamaliel. Ficara também Teresa de Jesus, esbelta preta, de largas ancas, sorriso puro e branco como um chumaço de algodão, na beleza estonteante de seus dezoito anos. Senhora de uma macropigia graciosa e elegante, balouçava sensual, nas passadas despretensiosas da menina mulher. Ficara, segundo ordens maternas, para providenciar o sustento dos dois queridos rebentos que tomavam aulas particulares, na tentativa de diminuir a ignorância demonstrada nas notas finais. Deixara-os a mãe, com o coração partido.
Apesar do esplendor daquela manhã, Gamaliel acordara com o coração angustiado. Faziam-lhe falta as reclamações constantes da mãe, as refregas relâmpago com os irmãos, dissolvidas sempre com a terrível advertência materna – “Deixa seu pai chegar!”. Nem o brilho da manhã o estimulava a debruçar-se sobre os livros. Olhava indiferente para o pomar, quando percebeu de soslaio, a passagem fugidia de Maria Teresa para o velho porão.
Aguçou-lhe a curiosidade...O que levaria aquela serviçal da casa a entrar no lugar menos usado da residência?
Desceu célere a escadaria que desaguava ao lado da porta do porão. Entreabriu-a cuidadosamente, evitando o rangido que as cansadas enferrujadas dobradiças certamente fariam. E a escuridão desfeita, parcialmente, de espaço a espaço, pelas entradas de ar e luz, mal permitia ver, num canto de grossas e pesadas paredes, cobertas de mofo, o perfil desnudo de Maria Teresa, displicentemente, desfazendo o penteado, numa pose que parecia ter sido roubada de Renoir,  quando criou o seu “Banhista ajeitando o cabelo”.
É preciso esclarecer que Gamalielzinho fora iniciado no mundo das artes, ainda muito criança, de modo que tinha a mania, considerada esnobe pelos amigos, de o que visse de belo, comparar com obras de famosos impressionistas. Assim, não é de admirar que a nudez de Maria Teresa o tivesse levado a uma discussão do aspecto puramente estético, trazendo-lhe à mente, um sem número de famosos pintores clássicos.
Seria de Rubens, de Degas, de Delacroix ou de Cezane que fora roubada aquela visão?
Lembrou-se do famoso quadro “Toilete de Vênus”. Não, decididamente não! Maria Teresa não era opulenta como a Vênus do famoso Rubens, nem branca. Muito pelo contrário, sua cor era mais atraente, porque o negro evocava-lhe mistério, a vontade imensa de descobrir o desconhecido, mergulhar nele de olhos fechados e deixar que a escuridão transmitisse, por osmose, todos os seus segredos, os seus mistérios...
De repente, sem saber porque, uma gigantesca onda de voluptuosa concupiscência assomou-lhe o espírito, acelerando-lhe o ritmo cardíaco, aquecendo-lhe a alma toda, impulsionando-o em direção aquele maravilhoso quadro. Percebendo a intromissão, Maria Teresa correu como uma gazela assustada, diante da iminência de ataque de maldoso caçador.
Teriam decorridos minutos, horas, séculos? A verdade é que uma corrida desesperada pelo vasto porão, travou-se. Percebeu, agora, Gamalielzinho, que Maria Teresa, propositadamente, ora se deixava quase pegar, ora se afastava lépida, com uma agilidade ferina, escondendo-se em desabalada carreira nos inúmeros cubículos que o porão possuía.
Pobre Gamaliel! Via dois rijos seios, agredindo a lei da gravidade, apontando insolentes para os céus dois negros mamilos emoldurados por larga auréola de plúmbea cor, largas ancas alternando-se em movimentos rítmicos na sensual corrida e...não poder senti-los junto a seu corpo de adolescente imberbe!
Num esforço supremo que só aos moribundos é dado mostrar no instante última da vida, Gamalielzinho vence a corrida e...finalmente exaustos, os poros excitados, se deixaram abraçar como nunca tinha Gamaliel abraçado, juntando-se tanto um ao outro que já não eram mais dois, pois que se imiscuíram numa autofagia de doce encanto.
No andar superior, o irmão mais velho, ou porque quisesse mostrar falsa cultura ou porque fosse naturalmente fidalgo, ouvia numa velha e bolorenta eletrola, uma rapsódia de Paganini. A impureza do som extraído do cansado disco de cera cheirando a bafio, e de combalidas caixas acústicas, o bater cadenciados dos címbalos, o explodir metálico dos pratos e o som estridente dos trompetes e cornetas, serviram de marca-passo à cavalgada amorosa de Gamaliel e Maria Teresa.
Os corpos ora flutuavam harmonicamente como se fossem regidos por invisível maestro, ora passavam a um ritmo tão ativo e rápido qual o som do piano que agora se sobressaia, impar, na grandiloqüência de sua beleza musical.
Vezes outras, o tom nasalado dos oboés fazia coro aos gemidos abafados de sua deusa de ébano. É verdade que ele não a queria ver como deusa. Humilde por natureza, Gamaliel achava que a um simples mortal como ele, quando muito poder-se-ia permitir um relacionamento com uma princesa. Sim, era sem dúvidas, a dona de tão divinamente esculpido corpo, uma princesa africana que viera num desses famigerados navios negreiros.
Talvez o cansaço, talvez mesmo a enebriante sensação de pós- amor, fossem responsáveis por sentimentos tão contraditórios que agora açulavam-lhe a mente. De um lado tinha figadal ódio aos que criaram os tais navios, por outro lado agradecia a Deus, compungido (com os lábios ainda trêmulos de tanto terem sofregamente beijado) o rapto daqueles negros sem o qual não estaria ele vivendo aquele momento...
 Enfim, terminada a sôfrega peleja, cessada a eletrizante coreografia daquele idílico amor, arfantes, ainda, os desnudos e suarentos corpos expostos, num torpor decorrente do natural esforço e do próprio ambiente de vetustas paredes, tendo como travesseiro os macios pelos de sua princesa, Gamaliel adormeceu num desejo de um sono contínuo, perpetuado até as férias vindouras...


POR: CELINA CÔRTE - MENSAGEM NATALINA


 
Queridos(as) sobramistas,

Nossa associação já se encontra envolvida em espirito natalino. Desejamos a todos um período feliz, voltado não apenas ao consumo em que muitos mergulham de forma desmedida, mas a momentos de ampla reflexão e agradável convívio com familiares e amigos. Este é também um momento de gratidão! Agradeçamos, pois, a todos que contribuíram com o engrandecimento de nossa Sobrames-CE. Que ela seja sempre o veiculo da palavra que anima, conforta, faz sorrir e alegra a todos.

Com carinho
Celina Côrte Pinheiro
Presidente da Sobrames-CE

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

POR: VICENTE ALENCAR - É TRISTE

 
Vicente Alencar - Jornalista e Diretor de Cultura e Divulgação da Sobrames-CE
 
É TRISTE

É triste
não poder falar
quando queremos gritar.
É triste
não poder falar de amor,
quando estamos amando.
É triste
não poder ficarmos juntos
quando nos apaixonamos.
É triste
ter que calar
quando queremos
louvar mais alto
a quem amamos.
É triste
ter que dizer não
com o coração 
dizendo sim.


POR: JOSÉ WILSON DE SOUZA - GRITOS DE LIBERDADE



 
Dr. José Wilson de Souza - Médico e Membro da Sobrames-CE

 GRITOS DE LIBERDADE                                                                                      
Quero correr pelos campos

e te encontrar na beira do  rio,

cair em teus braços

e dizer que estou livre.

Quero a liberdade das águas

que banham o teu corpo.

Quero te encontrar com uma flor no cabelo

correndo ao meu encontro, vindo dos campos

e  também te dizer que também estou livre

como as águas do rio.

Lá deitaremos na relva

e nos abraçaremos.

E na vastidão das campinas,

ecoarão dois gritos

que não ouviremos