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domingo, 27 de abril de 2014

POR: CELINA CÔRTE PINHEIRO - MAIS UM PEDESTRE


Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da Sobrames-CE
Publicado do Jornal "O POVO" ,  24/04/2014.

Mais uma morte de pedestre nesta cidade chama a atenção. Há quase um mês, chorei a morte de amiga de 85 anos, bastante ativa e lúcida. Ao atravessar a rua, onde os automóveis se postavam parados diante do semáforo, foi colhida violentamente por um motociclista que não parou. Semelhança no nome das vítimas: ele, o Thalis; ela, a Taís. Algumas dessas mortes podem até ser reputadas ao próprio pedestre incauto ou ignorante em relação às normas do trânsito, contudo é importante que se discuta a questão da vulnerabilidade de quem caminha nesta cidade, por necessidade ou prazer.

O pedestre não é portador de uma carapaça ou armadura que o proteja. Qualquer impacto atinge diretamente seu corpo frágil. É visível a violência do trânsito onde imperam a falta de educação, a agressividade inútil e a pressa desnecessária dos motoristas. Atenção à direção defensiva parece ser um item negligenciado na prevenção de acidentes. Em 2012, o Detran-CE contabilizou 413 pedestres mortos no trânsito, correspondendo a 17,19% entre os óbitos. Acima deste valor, apenas os motociclistas que corresponderam a 36,91%.

De janeiro a setembro de 2013, foram contabilizados 736 atropelamentos de pedestres, o que corresponde a uma média de três ao dia. O risco de morte do pedestre atropelado aumenta conforme a velocidade do veículo que o atinge. Aos 40 km/h, o risco de morte é de 30%, eleva-se a 85% aos 60 km/h e é praticamente 100% aos 80 km/h. Construam-se passarelas, disponibilizem-se sinais para pedestres e outros aparatos destinados à sua proteção.

Contudo, enquanto o comportamento dos motoristas não for mudado, muitas mortes ainda ocorrerão. Há necessidade da integração de hábitos simples ao cotidiano dos guiadores. Dobrar esquinas em alta velocidade, não reduzi-la ao avistar um pedestre atravessando a rua, enfim, não obedecer às normas comezinhas da boa civilidade é atitude inadequada no trânsito. Sem cordialidade e respeito no trânsito, em pouco tempo, uma verdadeira guerrilha estará instalada, com estatísticas cada vez mais assustadoras.

Celina Côrte Pinheiro
celinacps@yahoo.com
Médica ortopedista e traumatologista

POR: FÁTIMA AZEVEDO - VERSINHOS DA HORA

Dra. Fátima Azevêdo - Médica e membro da Sobrames-CE

sábado, 26 de abril de 2014

POR: CELINA CÔRTE PINHEIRO - DIA DAS MÃES

Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da Sobrames-CE

DIA DAS MÃES
Celina Côrte Pinheiro

Abro o iPad e vejo meus e-mails
ofertas, ofertas, mais ofertas...
Uma delas desperta-me a atenção
"Ofertas especiais para o Dia das Mães"
Procuro em vão o que desejo
procuro mais um pouco e nada vejo
onde estão os carinhos, o amor puro e o desvelo
a mão leve que passa em meus cabelos
o beijo terno agradecido e carinhoso
a flor simples arrancada no jardim
e devagar colocada entre os cabelos...
Isto é tudo que preciso
isto é tudo o que quero
e não vejo...

quarta-feira, 23 de abril de 2014

POR: CLAUDIO JULIO FERRARESI - O REI DO RISO

Dr. Claudio Julio Ferraresi - Médico Gastroenterologista - Membro do MMCL (Movimento Médico Cafezinho Literário) - Núcleo do MMCL de Sorocaba-SP


O REI DO RISO ( * )

Nota: Texto encaminhado pelo Dr. William Moffitt Harris 

                        O humor é uma das chaves para a compreensão da cultura, religiões e costumes da sociedade. A palavra humor, surgiu da medicina humoral dos antigos gregos, que acreditavam ser o humor, responsável por regular a saúde física e emocional humana.  Na imprensa escrita no Brasil, aparecem as primeiras “charges” que ridicularizam o cotidiano urbano e político da capital da República. O passo seguinte é o humor presente no radio, deixando registros geniais como, por exemplo, Lauro Borges e Castro Barbosa na famosa PRK 30. A chegada da televisão na metade do século passado, traz como conteúdo presente em sua programação, o circo e o teatro de comédia. Do Circo destacaram-se Fuzarca e Torresmo, Arrelia e Pimentinha e Carequinha. O Teatro de comédia intercalava-se com o Teatro Dramático. Na década de 60. 70 surgem comediantes ( vindos principalmente do radio ) que  fizeram história na TV como Chico Anísio, Jô Soares, José Vasconcelos, Golias, Nair Belo, Costinha, Agildo Ribeiro, Valter e Ema D ‘Avila  e outros. No cinema destacam-se Mazaropi, Oscarito, Grande Otelo, Ankito.
Derci Gonçalves. Uma das fórmulas de sucesso nas grades de programação televisiva, são as escolinhas do humor. Ficaram famosas as escolinhas do Professor Raimundo, interpretada magistralmente por Chico Anísio, tendo como alunos, um “cast“ maravilhoso de artistas. Seguem na mesma linha as escolinhas do Gugu ( Augusto Liberato ) e a de Carlos Alberto de Nóbrega com um e seus alunos, nada menos do que Ronald Golias. Afirma-se no meio artístico que o precursor do “stand up“ no Brasil, tenha sido Jose de Vasconcelos. Essa modalidade de humor, muito presente nos dias de hoje, caracteriza-se pelo humor executado por apenas um comediante, que se apresenta geralmente em pé, sem acessórios, cenários ou caracterização. O reconhecimento e homenagem que pretendemos, e deve ser passada aos nossos jovens, é para o humorista Nhô Totico,  Vital Fernandes da Silva nascido em Belém do Descalvado/SP em 1903 e falecido em São Paulo em 1996, que criou a Escolinha da Dona Olinda. Ele criou dezenas de personagens, interpretando e fazendo sonoplastia, tudo de improviso e ao vivo, um pioneiro das comunicações. Iniciou a carreira em 1933. Representou com maestria o diálogo entre o caipira e o urbano. Estilizou o universo urbano em formação, profundamente ligado às imigrações e migrações do final do século XIX e primeira década do século XX.  Ele caracterizou sozinho seus personagens, uma verdadeira “companhia “ de atores reunidas num só homem. Alguns de seus personagens são: Dona Olinda que era a professora e os alunos Minguinho, Mingote, Mingau ( Italiano ), Jorginho ( de origem Árabe ), Manuel ( Português ), Sebastião ( Rural ), Sokô ( Japonês ) e Seu Joaquim         ( preto velho, bedel da escola ). A ponte aérea Rio/São Paulo foi inaugurada pela VASP em 1936. Em 1941, Nhô Totico de  São Paulo, aterrisa no Aeroporto Santos Dumont para apresentar-se nos luxuosos auditórios da Radio Mayrink Veiga. Sucesso estrondoso, mas Nhô Totico rejeita ofertas de trabalho no Rio e volta a São Paulo. Passa para a Radio Educadora Paulista. Sua penetração através do rádio, é imensa, haja vista que um dos bordões da personagem Caropita ( uma italianinha a procura de casamento )  “cajado ô xortero? “ invade São Paulo. Nessa época, está na Radio Cultura, PRE4, o “Palácio do Radio” e os “speaker“ da época usavam expressões como “Rei do Riso”, “Mago da Palavra” para anunciar seus programas. Sem sobra de duvidas, Nhô Totico foi precursor da Escolinha e do Stand up, pois suas apresentações no radio, eram no palco, sozinho, em pé no improviso e com platéia atenta ouvindo e aplaudindo.



(*)Fonte: Fernandes, Paulo; Nhô Totico, O Rei do Riso; 1ª Ed.; Reverbo; 2010.



Claudio Julio Ferraresi

Abril/1     2014

sábado, 19 de abril de 2014

POR: FÁTIMA AZEVÊDO - AMOR DE PASSARINHO

 
Dra. Fátima Azevêdo - Médica e Membro da Sobrames-CE
AMOR DE PASSARINHO
O amor de passarinho
Arrepia é cafuné
Joga penas para o ar
Pula aqui pula acolá
Chega perto, corre ali
Vai e volta sem cessar
Roda gira me entontece
Fico zonza só de olhar
 O amor de passarinho
Ele azul, ela branquinha
Vale à pena observar
Ficam sempre bem juntinhos
Dão beijinhos sem parar
Quisera que teu amor
Fosse assim, de passarinho
(Fátima Azevêdo)

sexta-feira, 18 de abril de 2014

POR: SEBASTIÃO DIÓGENES - CAUSO DE CONSULTÓRIO - 3



 
Dr. Sebastião Diógenes - Médico e Tesoureiro da Sobrames-CE
Causo de consultório – 3

                O menino contava dez anos de idade e sofria de atopia. Apresentava, na ocasião da consulta, inflamação e fissuras profundas no sulco retroauricular de cada orelha. Enquanto examinava-o, a mãe falava mal do Dr. Mesquita, meu amigo e com quem dividia o consultório na Clínica Dr. Batista de Queiroz (na época eu atendia aos sábados em Quixadá). A mãe falava, eu só escutava. Que o Dr. Mesquita não sabia de nada, que a pomada que ele passou era o mesmo que água do pote. Eu só escutava e vasculhava o cérebro à procura de uma boa tese para defender o nobre colega. Um médico notável, sobretudo, humano e de excelente formação profissional: cirurgião geral, clínico geral, obstetra e pediatra. E a mãe não parava de falar. Que em Quixadá não tinha médico que prestasse, os doentes precisavam passar uma semana esperando um otorrino para consulta e outros queixumes mais. Então, ocorreu-me o assunto infalível para punir pelo colega, enquanto pensava as feridas do menino.
            - Mãe, a senhora tem quantos filhos?
            - Quatro. – Respondeu a mãe, acrescentando que o pequeno paciente era o mais velho deles.
            - Onde eles nasceram?
            - Na maternidade do padre Luís.
            - A senhora lembra quem fez os partos?
            - Claro! Foi o Dr. Mesquita. Ele fez os quatro partos. O último foi cesáreo, a criança estava sentada. – Informou a mãe, com a fala mais branda, como que desconfiada com a falta de freio da própria língua.
Após esse diálogo a mãe permaneceu calada, pensativa. Voltamos à anamnese.
            - Mãe, qual a pomada que o filho está usando?
            - Esta aqui. – E entregou-me o tubo da pomada vazio. Olhei-o, consultei a composição do medicamento e comentei:
            - Pois, graças a esta pomada que o Dr. Mesquita passou as orelhas dele não caíram.
            - Valha-me Deus! – Exclamou a pobre mãe com visível expressão de aflição estampada na cara. E continuou. – Eu falo assim do Dr. Mesquita só por falar, não é por maldade. Ele é um santo! Ô doutor de mão boa! Abaixo de Deus, aqui em Quixadá, só o Dr. Mesquita!
            Claro que logo depois tranquilizei a angustiada senhora, que os pavilhões auriculares do filho jamais correram risco de cair.
            - Por favor, não conte nada pro Dr. Mesquita. Ele pode ficar zangado.  - Suplicou-me a mãe, visivelmente preocupada.
            - Fica nada! Pode ficar sossegada. – Dei como resposta.
 O melhor dessa história, à feição de um prêmio que não poderia perder, foi uma sonora gargalhada do Dr. Mesquita quando lhe contei o presente causo. Lá se vão 38 anos!
            Sebastião Diógenes.
            Em 13-04-2014.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

HUGO DI DOMENICO - BREVE BIOGRAFIA



Hugo Di Domenico – breve biografia




Dr. Hugo Di Domenico 

Nota: Esta biografia foi encaminhada pelo Dr. William Moffitt Harris
                 

Natural da cidade de Lorena-SP, Hugo Di Domenico é filho de Francesco Di Domenico e Catharina Pezzutti Di Domenico, italianos da província de Salerno, às margens do Tirreno, que antes de aportarem no Brasil tiveram passagem pelo Congo belga.

Hugo fez seus estudos preliminares em sua cidade natal. Primeiro, no Grupo Escolar Conde de Moreira Lima, e depois, como aluno externo, no Ginásio São Joaquim. Em 1931, inicia seu curso de medicina pela Universidade do Rio de Janeiro na faculdade instalada em belíssimo prédio da praia vermelha.

Após concluídos seus estudos universitários, em dezembro de 1936, Dr. Hugo regressa para o Vale do Paraíba, fixa residência na cidade de Taubaté-SP e, de imediato, ingressa no Corpo Clínico do Hospital Santa Isabel substituindo o renomado Dr. José Luiz Cembranelli na chefia da Enfermaria de Clínica Médica de Mulheres. No mesmo hospital ainda seria Diretor do Serviço de Pronto Socorro, Chefe dos Serviços de Patologia e de Prontuário Médico, Diretor Clínico e Membro do Conselho Técnico Administrativo. Também foi Diretor do Hospital Universitário.
No serviço público atuou como Diretor do Centro de Saúde de Taubaté – onde também foi Chefe da Equipe Médico-Odontológica –, técnico operador de Raio X do Serviço Nacional de Tuberculose, médico do SAMDU (Serviço de Assistência Médica Domiciliar e de Urgência), Médico do 5º BC da Força Pública do Estado de São Paulo, Médico estagiário do 1º Regimento de Artilharia Montada (RJ) onde fez curso de Medicina de Guerra, sendo nomeado 2º Tenente Médico da Reserva de Segunda Classe.

No ensino atuou como Professor Assistente de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Taubaté, professor do curso de Enfermagem e Primeiros Socorros de Taubaté, presidente da banca examinadora de Língua Portuguesa (1967-1970), integrante da comissão encarregada de elaborar o projeto de regulamentação do Hospital Santa Isabel como Hospital Escola e membro da Comissão de Assessoria Permanente dos Assuntos Didáticos Assistenciais.

No campo da cultura e da literatura, Dr. Hugo não foi menos profícuo. Foi diretor dos departamentos de cultura da Associação Paulista de Medicina (Regional Taubaté), da Prefeitura Municipal de Taubaté e do Taubaté Country Club.

Foi membro da comissão organizadora da Escola de Belas Artes de Taubaté, da Sociedade de Filosofia, Ciência, Letras e Artes e do Clube de Poesia. É sócio do Clube dos Trovadores de Taubaté e membro do Instituto de Estudos Valeparaibanos (IEV). Tem assento em duas academias literárias da região valeparaibana, ocupando a cadeira n. 14 da Academia Taubateana de Letras e a cadeira n. da Academia de Letras de Lorena.

Um dos fundadores, em 1949, do jornal Tabaetê, órgão político e cultural do antigo Partido de Representação Popular, Dr. Hugo sempre foi assíduo colaborador da imprensa local.

Por tamanha e expressiva atividade, Hugo Di Domenico foi agraciado, em 1982, com o título de Cidadão Taubateano e, em 1998, foi aceito como Membro Honorário do Rotary Clube de Taubaté.

Obras do autor:

  1. Manual Prático de Ondas Curtas em Medicina (em colaboração com G. Lapawa)
  2. Virgílio Várzea (Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 5, n. 10, 1969)
  3. Cruz e Souza (Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 81, janeiro, 1973)
  4. Poemas
  5. Considerações sobre a etimologia do topônimo Taubaté (Separata da Revista Paulista de Medicina, vol. 86, setembro/outubro, 1975)
  6. Toponímia e Nomenclatura Indígenas do Município de Taubaté. Prefeitura Municipal de Taubaté, Taubateana n. 3, 1976.
  7. O Topônimo Pindamonhangaba, em razão de sua etimologia e dentro do quadro da primitiva penetração civilizadora do Vale do Paraíba. Preleção no curso de História de Pindamonhangaba promovido pelo Conselho Municipal de Cultura da Prefeitura Municipal de Pindamonhangaba.
  8. Fitonímia e Zoonímia Indígenas do Município de Taubaté. Prefeitura Municipal de Taubaté, Taubateana n. 9, 1981.
  9. A variante Tabebaté – seu ajustamento e valor etimológico no estudo do topônimo Taubaté. Ângulo – Cadernos das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, Lorena, 1988, n. 37, jan/mar.
  10. Ensaio lingüístico – O dual. A dualidade. Ângulo, n. 23-24, Lorena.
  11. A medicina no Folclore
  12. Caminhos da Alma – poesia em prosa e verso.
  13. Estudos de Tupi
  14. Léxico Tupi-Português – com aditamento de vocábulos de outras procedências indígenas. Taubaté, Editora da Unitau, 2008, 1087p.

Biografia publicada no Jornal O Lince, número 37, janeiro/fevereiro de 2010, periódico dedicado à divulgação cultural da região do Vale do Paraíba. O médico Hugo di Domenico faleceu aos 99 anos de idade, em Taubaté-SP, no último 06/04/2014.

POR: PEDRO ISRAEL NOVAES DE ALMEIDA - SUPERMERCADOS



SUPERMERCADOS



                                         Pedro Israel Novaes de Almeida



Para muitos, ir ao supermercado é um passeio.
            Fazer compras está, cada vez mais, virando função masculina. Às mulheres competem as famosas listas, não raro quilométricas e descumpridas.
            Existem mercadorias que os homens fingem que não encontram, como figo enlatado, ovos de Páscoa, produtos diet, cereais raros, castanhas, licores importados, bombons com licores, azeitonas sem caroço, cogumelos, palmito e outros produtos menos populares.
Alguns produtos da lista são simplesmente ignorados, como o açúcar light, que tem só metade das calorias e custa o dobro do preço. Se usar só meia porção do açúcar normal, o resultado é o mesmo.
            As idas ao supermercado devem ocorrer após as refeições. Pesquisas comprovaram que compras feitas com o estômago vazio acabam sendo maiores e mais caras.
            Os estabelecimentos possuem filas, da padaria, do café gratuito e do açougue, esperando que algum infeliz compre os bifes duros da peça que vai começar a ser cortada. É estranho como, nas prateleiras, os produtos mais novos parecem ser tímidos, e correm para a última fila, deixando mais expostos os que estão prestes a vencer.
            Sábias, as mulheres não discriminam o peso de certas encomendas, como linguiça, que deve ser comprada por metro. É difícil estimar o que representam 650 gramas de linguiça, mas todos imaginam quanto vem em meio metro do produto.
            A questão do prazo de validade é séria, mas nem sempre cumprida. Só Deus sabe o prazo de validade das peças que originaram os produtos fatiados, e, vez ou outra, adquirimos, no sábado ou domingo, leite pasteurizado que será embalado na segunda-feira.
            Quando alguma mercadoria encalha, sem compradores, uma simples placa tipo “No máximo 3 unidades por cliente” gera filas de consumidores espertos, alguns indo e vindo para conseguir o dobro do permitido. Alguns produtos, como chocolates, sorvetes e refrigerantes em lata, devem ser comprados na exata medida para serem consumidos integralmente no caminho de volta para casa.
            É temerário adquirir meias nos supermercados, pois com certeza não servirão. As embalagens informam que o tamanho do produto é 32 a  45.
            São comuns e irritantes os frangos que, descongelados, viram pintinhos. Os supermercados sofrem muitos furtos e consumos gratuitos, sendo as uvas campeãs de degustação.
            No caixa, todo cuidado é pouco. Algum funcionário pode não ter tido tempo para implantar no sistema o preço da promoção. Dizem os antigos que, em junho de 1.916, um supermercado errou no preço do produto, cobrando a menor.
            Na saída, o sofrimento é certo, pois sempre aparece um cidadão dizendo que tomou conta do veículo, tão solícito quanto ameaçador. Ao redor do carro, uma montanha de carrinhos, deixados por mal educados, impede a passagem.
            Findas as compras, lembramos, sem saudades, do tempo em que a esposa acompanhava o passeio. Eram horas e horas segurando o carrinho, à espera do fim da conversa com a comadre que acabava encontrando. Ficávamos o tempo todo evitando o corredor das guloseimas, e ainda ouvíamos, na saída: - Na próxima vez venho sozinha !
                                                                             pedroinovaes@uol.com.br
            O autor é engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.

Nota - O texto foi encaminhado pelo Dr. William Moffitt Harris