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quarta-feira, 23 de abril de 2014

POR: CLAUDIO JULIO FERRARESI - O REI DO RISO

Dr. Claudio Julio Ferraresi - Médico Gastroenterologista - Membro do MMCL (Movimento Médico Cafezinho Literário) - Núcleo do MMCL de Sorocaba-SP


O REI DO RISO ( * )

Nota: Texto encaminhado pelo Dr. William Moffitt Harris 

                        O humor é uma das chaves para a compreensão da cultura, religiões e costumes da sociedade. A palavra humor, surgiu da medicina humoral dos antigos gregos, que acreditavam ser o humor, responsável por regular a saúde física e emocional humana.  Na imprensa escrita no Brasil, aparecem as primeiras “charges” que ridicularizam o cotidiano urbano e político da capital da República. O passo seguinte é o humor presente no radio, deixando registros geniais como, por exemplo, Lauro Borges e Castro Barbosa na famosa PRK 30. A chegada da televisão na metade do século passado, traz como conteúdo presente em sua programação, o circo e o teatro de comédia. Do Circo destacaram-se Fuzarca e Torresmo, Arrelia e Pimentinha e Carequinha. O Teatro de comédia intercalava-se com o Teatro Dramático. Na década de 60. 70 surgem comediantes ( vindos principalmente do radio ) que  fizeram história na TV como Chico Anísio, Jô Soares, José Vasconcelos, Golias, Nair Belo, Costinha, Agildo Ribeiro, Valter e Ema D ‘Avila  e outros. No cinema destacam-se Mazaropi, Oscarito, Grande Otelo, Ankito.
Derci Gonçalves. Uma das fórmulas de sucesso nas grades de programação televisiva, são as escolinhas do humor. Ficaram famosas as escolinhas do Professor Raimundo, interpretada magistralmente por Chico Anísio, tendo como alunos, um “cast“ maravilhoso de artistas. Seguem na mesma linha as escolinhas do Gugu ( Augusto Liberato ) e a de Carlos Alberto de Nóbrega com um e seus alunos, nada menos do que Ronald Golias. Afirma-se no meio artístico que o precursor do “stand up“ no Brasil, tenha sido Jose de Vasconcelos. Essa modalidade de humor, muito presente nos dias de hoje, caracteriza-se pelo humor executado por apenas um comediante, que se apresenta geralmente em pé, sem acessórios, cenários ou caracterização. O reconhecimento e homenagem que pretendemos, e deve ser passada aos nossos jovens, é para o humorista Nhô Totico,  Vital Fernandes da Silva nascido em Belém do Descalvado/SP em 1903 e falecido em São Paulo em 1996, que criou a Escolinha da Dona Olinda. Ele criou dezenas de personagens, interpretando e fazendo sonoplastia, tudo de improviso e ao vivo, um pioneiro das comunicações. Iniciou a carreira em 1933. Representou com maestria o diálogo entre o caipira e o urbano. Estilizou o universo urbano em formação, profundamente ligado às imigrações e migrações do final do século XIX e primeira década do século XX.  Ele caracterizou sozinho seus personagens, uma verdadeira “companhia “ de atores reunidas num só homem. Alguns de seus personagens são: Dona Olinda que era a professora e os alunos Minguinho, Mingote, Mingau ( Italiano ), Jorginho ( de origem Árabe ), Manuel ( Português ), Sebastião ( Rural ), Sokô ( Japonês ) e Seu Joaquim         ( preto velho, bedel da escola ). A ponte aérea Rio/São Paulo foi inaugurada pela VASP em 1936. Em 1941, Nhô Totico de  São Paulo, aterrisa no Aeroporto Santos Dumont para apresentar-se nos luxuosos auditórios da Radio Mayrink Veiga. Sucesso estrondoso, mas Nhô Totico rejeita ofertas de trabalho no Rio e volta a São Paulo. Passa para a Radio Educadora Paulista. Sua penetração através do rádio, é imensa, haja vista que um dos bordões da personagem Caropita ( uma italianinha a procura de casamento )  “cajado ô xortero? “ invade São Paulo. Nessa época, está na Radio Cultura, PRE4, o “Palácio do Radio” e os “speaker“ da época usavam expressões como “Rei do Riso”, “Mago da Palavra” para anunciar seus programas. Sem sobra de duvidas, Nhô Totico foi precursor da Escolinha e do Stand up, pois suas apresentações no radio, eram no palco, sozinho, em pé no improviso e com platéia atenta ouvindo e aplaudindo.



(*)Fonte: Fernandes, Paulo; Nhô Totico, O Rei do Riso; 1ª Ed.; Reverbo; 2010.



Claudio Julio Ferraresi

Abril/1     2014

Um comentário:

  1. Apenaas uma ligeira correção na legenda da Foto do colega Dr. Cláudio. A sigla MMCL é do MOVIMENTO MÉDICO PAULISTA DO CAFEZINHO LITERÁRIO e não como constou. Quando criei o movimento no dia 5 de maio de 2005 na sede da APM em São Paulo, por ocasião da celebração do quadragésimo aniversário da Sobrames em âmbito Nacional, o Presidente Nacional na época, Dr Luiz Alberto Fernandes Soares já havia, anos antes, criado o MPL no Rio Grande do Sul donde a razão de eu não ter colocado a letra P na sigla.

    Dr.Cláudio foi contemporâneo meu em educandários dos Irmãos Maristas em São Paulo, ele no Colégio do Carmo e eu no Colégio Arquidiocesano. Viemos nos conhecer muitos anos depois no Núcleo de Sorocaba do MMCL onde somos assíduos frequentadores William Moffitt Harris, sobramista cearense de Campinas-SP.

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