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domingo, 19 de outubro de 2014

POR: CELINA CÔRTE - MULHERES MÉDICAS


Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da Sobrames-CE
                                Mulheres médicas
Publicado no DN em 05/10/2014
Publicado no Jornal do Médico em revista Ano X/Edição 58, Dia do Médico/Setembro-Outubro 2014
Agnódice ou Agnodike (IV a.C) teria sido a mais antiga mulher, segundo os gregos, com o desejo de ser médica. Em Atenas, onde nasceu, havia proibição legal para mulheres estudarem medicina. Agnódice vai a Roma, dedicando-se principalmente ao estudo da obstetrícia e da ginecologia, aprende a fazer partos e adquire conhecimentos básicos sobre a saúde feminina.
Para retornar ao seu País, onde desejava exercer a medicina, corta seus cabelos bem curtos e se traveste de homem. Face ao seu sucesso entre as clientes, desperta o ciúme de outros médicos que, acreditando em sua masculinidade, acusam-na falsamente de que estaria praticando atos libidinosos com pacientes. No tribunal (areópago), Agnódice tenta se defender da falsa acusação, contudo, ao perceber que seria condenada à morte, despe-se diante do juiz e dos jurados, deixando-os estupefatos. O juiz reconhece a injustiça que iriam cometer contra ela, livra-a da acusação e promulga uma lei em que as mulheres, a partir daquela data, poderiam exercer a Medicina na Grécia.
Apesar desta atitude ousada de Agnódice em tempos tão remotos, no Brasil o preconceito se estendeu até o Império de Pedro II. O acesso de mulheres aos cursos superiores só foi permitido em 1879, após o Decreto 7247 - artigo 24, da Reforma Leôncio de Carvalho, sob o apoio do Imperador.
A primeira mulher no país a receber o diploma de Medicina foi Maria Augusta Generosa Estrela, no ano de 1881, embora haja concluído seu curso nos Estados Unidos, graças a uma bolsa de estudos oferecida por D. Pedro II, pois o acesso de mulheres ao ensino superior no Brasil não era ainda permitido.
Em 1882, ao retornar ao nosso país, revalida seu diploma na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, passando a exercer a profissão entre nós. Embora liberado o acesso de mulheres aos cursos superiores a partir de 1879, três pioneiras matriculam-se nas duas únicas faculdades de Medicina de nosso País (Rio de Janeiro e Bahia) apenas em 1881. Rita Lobato Velho Lopes conclui o curso em 1887, Ermelinda Lopes de Vasconcelos em 1888 e Antonieta César Dias em 1889. Atualmente, a presença feminina na área médica, como em tantas outras, já não surpreende, sem, no entanto, perder o mérito.
Contudo, as primeiras mulheres que ousaram romper com o preconceito e enveredaram pelos caminhos da medicina merecerão sempre nosso especial tributo nos 18 de outubro, Dia do Médico, por ser a data consagrada pela Igreja a São Lucas, que era médico e um dos quatro evangelistas.

Um comentário:

  1. Parabéns pelo artigo, Celina.
    Acrescentei link para ele no Acta.
    http://airblog-pg.blogspot.com.br/2013/03/474-rita-lobato-1866-1954.html

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