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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

POR: PEDRO NOVAES DE ALMEIDA - SOCIEDADE SEM VALORES



 
  Pedro Israel Novaes de Almeida engenheiro agrônomo e advogado, aposentado.
                                                                       
                                                 SOCIEDADE SEM VALORES

            Integramos o seleto grupo de pessoas que acabaram por conviver amigavelmente com tecnologias e conceitos dos novos tempos, apesar das discordâncias e desconhecimentos de sempre.
            Na área tecnológica, sabemos acionar com desenvoltura o comando On – Off, além de regular o som dos equipamentos. Só.
            É incômodo e infrutífero tentar entender como um minúsculo equipamento, menor que um dedinho, pode armazenar tantas informações, e transferi-las a outra engenhoca, mediante uma simples acoplagem.
            A ciência evoluiu com demasiada rapidez, e restou, à maioria das pessoas, a sina de utilizar e conviver, sem nada entender. Alguns, por pobreza ou inconformismo, conseguem conviver sem utilizar.
            Já comemoramos a utilização da fotografia, mágica que transfere com fidelidade a imagem a um papel, e saudamos, como mágica maior, o advento do xerox, inclusive colorido. Agora, qualquer imagem é transferida, com fidelidade, a pessoas que se encontram a continentes de distância, com um simples clicar de celular ou computador. 
            Na área médica, descobrimos que integramos uma geração potencialmente fadada ao extermínio. Utilizávamos, sempre, tênis de solado reto, e ficávamos horas e horas ao sol sem qualquer protetor.
            Sabemos que é um direito de todos a busca da felicidade, modificando algumas características físicas que deprimem a autoimagem. Assim, um nariz que impossibilita o simples tomar de um cafezinho, na xícara, pode e deve ser corrigido, pois é incômodo operar tão trivial operação com o auxílio de um canudinho.
            O que não entendemos é o contexto psicológico de pessoas que colocam 5 quilos de silicone no traseiro e 4 quilos em cada mama, e acabam virando celebridades, nos programas de TV. Também é difícil aceitar a tese de que piercings, no olho, língua ou nariz, nada incomodam.
            Nas relações sociais, passamos a cultuar o coitadismo e a sobrevalorização do contexto individual, ainda que em prejuízo de muitos. Um só aluno, “dimenor”, pode atrapalhar o aprendizado de centenas de colegas, e arrasar o ambiente escolar, mas só será reprimido após uma longa e morosa análise de seu ambiente familiar e realidade social. A solução, via de regra, só é encontrada em meio à continuidade do nefasto comportamento.
            A sociedade ainda não conseguiu encontrar soluções práticas para menores, não contidos pelos pais, que perderam o medo da polícia, o temor a Deus e o respeito aos direitos alheios. Ao invés de isolá-los do convívio social, até que assumam novos comportamentos, optamos por ordenar, à sociedade, o paciente e tolerante convívio.
            É difícil entender e assimilar o contexto de leis meramente figurativas, raramente cumpridas, e o crescente hábito do não exercício da autoridade, que cada vez mais alterna abuso e omissão.
            A sociedade, que caminha a passos largos para a tecnificação, engatinha no contexto das relações humanas, e são poucas as instituições que inspiram respeito e credibilidade.  Dependemos, cada vez mais, do heroísmo de iniciativas e posturas individuais, e acabamos por endeusar pessoas que nada mais fazem que cumprir seus deveres, de funcionário ou cidadão.
            A sociedade parece marginalizar qualquer conceito ou tradição, ficando repleta de modismos, conduzida por valorações imediatistas da mídia.  Somos conduzidos, como uma boiada qualquer.
                                                                             pedroinovaes@uol.com.br
           
            

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