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sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

POR: MARTINHO RODRIGUES - SONETO DE NATAL

Dr. Martinho Rodrigues - Médico e Membro da Sobrames-CE


SONETO DE NATAL

Ouviu-se após o mágico instante,

um cântico de paz e de harmonia,


anunciando ao mundo que nascia


Cristo! - o Salvador. Em consoante,


as aves entoaram um prestante

e jubiloso canto de alegria


em regozijo ao Céu, e a estrela guia


apontava o caminho ao caminhante.


Em simples manjedoura, como a mais

humilde criatura, nasce o Rei


dos reis, sem ter outro lugar. Aliás,


passaram dois mil anos, é Natal,

não sei se Cristo achou abrigo... Sei


que o mundo é cada vez mais desigual.


do livro Em Tempo de Poesia

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

POR: CELINA CÔRTE PINHEIRO - GUERRILHA URBANA

Dra. Celina Côrte - Médica e Presidente da Sobrames-CE


GUERRILHA URBANA - artigo publicado no jornal O Povo em 15/12/2015 - Opinião -

Celina Côrte Pinheiro 
Há cerca de duas décadas, o uso das bicicletas passou a ser revigorado nas cidades brasileiras como mais uma possibilidade de exercício. A princípio, grupos organizados circulavam em horários de menor movimento nas ruas e rodovias. Mais recente é o estímulo à prática do ciclismo com vista não apenas ao lazer, mas também à melhoria da mobilidade urbana com preservação ambiental.
Na cidade de Fortaleza, também incluída neste processo de deslocamento com redução de poluentes, construíram-se as ciclofaixas e ciclovias, algumas improvisadas em ruas já estreitas para o tráfego habitual. Distribuídas em vários pontos da Cidade, buscam proteger os adeptos do esporte; contudo, por si só não bastam. Educar é preciso, embora bem mais difícil do que se adequar às tendências da modernidade.
Motoristas e motociclistas devem ter em mente a vulnerabilidade dos ciclistas, respeitando as ciclofaixas e trafegando com menor velocidade, fator inegável na redução de riscos. Por sua vez, os ciclistas devem se acercar de medidas protetivas pessoais. Capacetes, tênis, luzes, campainhas, espelhos retrovisores, luvas e coletes reflexivos são equipamentos mínimos para proteção dos ciclistas e visualização dos mesmos por terceiros. Há atropelamentos decorrentes da quase invisibilidade do ciclista, sobretudo em ruas mal iluminadas.
É simplório demais considerar que os itens de segurança devam ser desprezados para que não ocorra a redução do número de adeptos do ciclismo. A segurança e a educação devem estar atreladas à nova tendência, visando à redução do número de atropelamentos, com ou sem óbito. Quando há vítimas, a repercussão pessoal, social e financeira é bem maior do que se pode aquilatar. 
Caso não ocorra conscientização dos riscos, respeito à vida e mudança de comportamento de todos os envolvidos nesta guerrilha urbana em que não há vencedores, a violência no trânsito tenderá a um incontrolável crescimento. O temor aos acidentes, este, sim, reduzirá o número de praticantes do ciclismo. Medidas adequadas e urgentes devem ser tomadas para coibir o aumento do número de vítimas do trânsito e reduzir a gravidade dos acidentes. A violência no trânsito já se constitui um sério problema de saúde pública e devemos nos esforçar para não torná-la ainda mais grave por omissão em um trânsito caótico, desrespeitoso e agressivo. E os pedestres, como ficarão nesta insana disputa por espaço e poder?


POR: SEBASTIÃO DIÓGENES - CAUSO DE CONSULTÓRIO - 5

Dr. Sebastião Diógenes - Médico e Tesoureiro da Sobrames-CE


Causo de consultório – 5


            Ele tinha sete anos de idade, e era muito esperto.  Veio à consulta com a mãe, como ocorre com a maioria das crianças de Fortaleza. O pai estava de plantão no hospital, e não pôde acompanhá-los. O menino mexia em tudo no consultório, a mãe contrariava-se. Em determinado momento, ele pegou a caixa de lenços que estava sobre o equipo e passou a retirá-los e jogar no chão.

- Não estrague os lenços do Dr. Sebastião, filho!

- Tem nada não, mãe! É de amostra grátis – argumentou o pequeno paciente ao observar o nome do laboratório na caixa de lenços.

         A mãe ficou muito envergonhada, repreendeu-o com ar de severidade, e procurou educá-lo naquele momento de urgência, coisa que não o fizera em sete anos. O pior viria no final da consulta. Quando lhe entreguei a receita médica, olhou-a com interesse, fixou o olhar no carimbo e com muita admiração dirigiu-se à mãe:

- Eta do médico velho, mãe!

- O que é isso meu filho, Dr. Sebastião ainda é novo. Ele só tem os cabelos brancos.

- Não é novo não, mamãe! Olhe o CRM dele!

- E qual é número do CRM do seu pai? - quis conhecer a lógica do menino sabido.

- É mais de quinze mil. Não é, mãe?!

- E qual é a especialidade do seu pai? - perguntei curioso.

- Hum...diz tu, mãe! - esboçou um riso encabulado, baixou a cabeça e não pronunciou a palavra.

- Proctologista - disse a mãe com naturalidade, afagando a cabeça dourada do filho, como que o conformando de algum desgosto.

Sebastião Diógenes.

11-12-2015.