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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

POR CELINA CÔRTE - APRESENTAÇÃO DE DRA MARIA NILZA DOS REIS SARAIVA – MEMBRO HONORÁRIO DA SOBRAMES – 10/12/2012



Dra. Maria Nilza e Dr. Antero Coelho Neto

Dra. Celina Côrte e Dra. Maria Nilza
                                                                                                                                                               Por  Celina Côrte Pinheiro

                     Meu amigos,


         Como disse no início, esta é para todos nós uma noite especial onde vivenciamos nosso momento de confraternização e posse de novos membros.

         Cabe a mim, como proponente, fazer rápidos comentários sobre a mais recente sobramista que tomará posse na sociedade, nesta noite.

Não me alongarei em relação aos aspectos profissionais que, tenho certeza, são muito conhecidos, face à sua militância há tantos anos na Fortaleza de Iracema. Plagiando Bertolt Brecht, gostaria de dizer que há pessoas que lutam um dia e são boas, há aquelas que lutam um ano e são melhores, outras há que lutam muitos anos e são muito boas. Há, porém, aquelas pessoas que lutam toda vida e são imprescindíveis.

         Em um tempo onde a rudeza toma conta da delicadeza, pessoas que ainda primam pela amorosidade em sua prática profissional devem ser louvadas. Nos últimos meses, quando as intempéries da vida açoitaram mais uma vez nossas emoções, tivemos a oportunidade de conviver com esta figura humana, um grande exemplo para todos nós que construímos nossa prática profissional na atenção aos doentes do corpo e do espírito. Em primeiro lugar, despertaram-me a atenção as palavras carinhosas de pessoas que passaram por sua clínica e fizeram questão de ali deixar seu testemunho e seus agradecimentos pelo muito recebido. Minha sensibilidade percebeu que eu me encontrava diante de alguém incomum. Depois, a forma como recebia seus clientes, sempre disposta, alegre e sem demonstrar desconforto por conta do dia ou do horário. Ali se encontrava em missão e assim procedia. Pensei comigo que naquele local deveriam estagiar jovens médicos para aprenderem tudo sobre humanização na Medicina. Pasmem os senhores, mas esta médica de que lhes falo, não cuida de gente, mas daqueles seres que fazem a alegria e devolvem a saúde de tanta gente. Dra. Maria Nilza dos Reis Saraiva, extrapolou seu papel de médica veterinária ao acolher a SOBRAMES em sua nova sede com um carinho surpreendente. Saímos da sede que nos acolhia, de propriedade do gentil sobramista e amigo Dr. João de Deus, e iniciamos uma nova fase na Rua Bárbara de Alencar 1331-B, a cerca de 10 metros da Av. Rui Barbosa. O local foi reformado para nos receber e a cada dia me surpreendo diante dos carinhos dedicados por esta digna profissional à nossa sociedade. Ela tem me ajudado a pensar a SOBRAMES e a deixar um sinal profícuo de nossa administração. Agradeço aos colegas que apoiaram meu desejo de homenageá-la com o título de Membro Honorário, pois, se a vingança é um prato para ser saboreado frio, a gratidão deve ser saboreada quente. Se assim não o fizermos, correremos o risco de sermos injustos e de nos esquecermos de quem tanto fez por nós.

         Convido, pois, com muita honra, a médica veterinária Dra. Nilza para receber seu título de Membro Honorário da SOBRAMES das mãos do Dr. Antero Coelho Neto  e um ramalhete de flores  que eu, pessoalmente, farei questão de lhe entregar, com profundo respeito e carinho.

Muito obrigada a todos.
Celina Côrte


POR ANA MARGARIDA - DE VOLTA À PAULICÉIA DESVAIRADA




Ponte estaiada Octávio Frias de Oliveira - São Paulo-SP

Dra. Ana Margarida - médica e secretária da SOBRAMES-CE
  

                      DE VOLTA À PAULICÉIA DESVAIRADA 

  Às 15h, o avião da TAM decolou do aeroporto Pinto Martins em direção à SAMPA. A viagem foi bem tranquila, mas a expectativa do reencontro me deixava ansiosa. A chegada ao aeroporto de Guarulhos, não fosse a imagem do Rose me esperando e a tristeza por não tê-lo mais, foi sem maiores contratempo. Ao invés do abraço quente e carinhoso do querido, senti-me envolvida pelo manto gélido da noite de SAMPA. Por que um abraço tão frio e inexpressivo? Um calafrio percorreu minha coluna e pensei que talvez SAMPA estivesse sentida com minha ausência durante quase três meses. 

            Apanhei um táxi como um autômato e de repente estava na Rua Caiubí, 372. Ao adentrar meu apartamento, novamente, o frio me invadiu. Liguei para a Bolota e o Pepê já estava dormindo. A saudade bateu fundo e me deu vontade de voltar, mas estava a quase três mil quilômetros de distância. Liguei para o Daniel e me certifiquei que tudo ia bem. Pensei na Janinha e em seu trabalho no navio, ao lado do Dani. Fui dormir bem agasalhada e tristonha.

            Cedinho, despertei com o cantar dos pássaros que todos os dias pousam de galho em galho nas imensas árvores que ficam em frente ao meu prédio. Fiquei feliz com os regorjeios dando-me as boas vindas. Às 6h30min desci e fui à padaria “Elite das Perdizes” comprar o pão quentinho e o indescritível bolo de aipim. Tudo estava como antes. Parecia que tudo tinha ficado congelado no tempo e encontrei as mesmas pessoas nos mesmos lugares. Na esquina, a banca de frutas me esperava com as rodelas docinhas de abacaxi, as maçãs suculentas, as mexericas e laranjas viçosas etc, etc...  O porteiro do prédio era o mesmo, com sua simpatia, dando-me as boas vindas. Senti-me acolhida e reconheci, finalmente, a paulicéia desvairada.    

            Ouvi no noticiário da TV que o frio não daria trégua e que a máxima não passaria de 18 graus naquela sexta-feira, 26 de setembro de 2008. Resolvi me preparar para enfrentá-lo com uma xícara de capuccino fumegante, bolo de aipim, pão e requeijão quentinhos e as frutas deliciosas que acabara de comprar.

             Acessei a página da PUC e tomei conhecimento de que as inscrições para o doutorado haviam sido prorrogadas até o dia 10 de outubro. Que noticia maravilhosa! Assim, iria dispor de mais tempo para concluir meu projeto de doutorado sobre as representações do tabagismo na sociedade brasileira. Preenchi o formulário de inscrição e paguei uma taxa de R$ 200,00. Tudo pela internet!

             O sol apareceu mais forte no final da manhã e resolvi sair. Dobrei a esquina da Caiubí e segui pela Rua Monte Alegre em direção à PUC. Entrei no número 1.104 e perguntei pelo meu diploma de Mestre em História, que havia solicitado em junho, antes da longa viagem à Fortaleza e à Europa. Estava pronto. Quanta emoção foi apreciá-lo! Lembrei-me do Rose e na alegria que lhe causaria pela conquista deste título.Com muito cuidado o coloquei em sua capa azul marinho e o guardei em minha pasta preta.

            Atravessei a Rua Bartira e passei em frente ao Teatro TUCA. Li as propagandas das peças, apreciei sua fachada e sua História e cai na PUC. O burburinho de alunos era o mesmo, todos bem agasalhados por causa do frio atípico naquela manhã de primavera. Almocei rapidamente um bife com arroz, feijão e salada. Senti-me reconfortada e fui à biblioteca para saber exatamente a localização dos exemplares de minha dissertação. Não tive a menor dificuldade de encontrá-los. Estavam lá, juntinhos, na posição: DM 900R812g EX2. Espero que sejam bastante manuseados pelos futuros pesquisadores.

            Saí da PUC pela Rua Ministro de Godói e desci a João Ramalho em direção ao Pastorinho. Lá as orquídeas estavam mais lindas do que nunca, entre tantas flores de diversas cores, belezas e perfumes. Comprei carne moída e legumes para fazer uma sopa no jantar e assim enfrentar a noite fria.

            Subi a Rua João Ramalho e dobrei à direita na Rua Monte Alegre, lépida e fagueira, apesar do peso das compras. Passei em frente à Igreja, ao prédio velho da PUC e lembrei-me das carmelitas descalças que habitaram aquele convento até meados do século XX, quando foram transferidas para outro endereço a fim de a Igreja instalar a Universidade, nele.

            À tarde, reli “Paris é uma festa”, de Ernest Hemingway, e uma onda de nostalgia me invadiu. Como diz o autor: “Se você teve a sorte de viver em Paris, quando jovem, sua presença continuará a acompanhá-lo pelo resto da vida, onde quer que você esteja, porque Paris é uma festa móvel”. Eu não tive esta sorte, mas, certamente, no ocaso de minha vida, viverei em Paris. Li, também, “Tudo por causa do Sol” de minha amiga escritora, Nilze Costa e Silva, que me deu o prazer de sua companhia durante a viagem à Europa. Trocamos idéias... Estou saboreando seu livro como quem saboreia um bom vinho... doucement...

            Até o final do dia e após o telefonema de minha amiga Silvia, reencontrei-me com a paulicéia desvairada. Depois de apreciar da janela de minha sala a igreja iluminada no alto de um morro (ainda não descobri o nome desta igreja que me lembra a “Sacré Coeur” de Paris) declarei meu amor à SAMPA. Cidade dos modernistas como: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Menotti Del Pichia, Victor Brecheret e tantos outros que fizeram a semana de Arte Moderna, também conhecida por semana de 22, pois ocorreu entre 11 e 18 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal. No curto tempo de 7 dias foram apresentadas poesias, músicas e palestras sobre a modernidade, representando uma verdadeira renovação de linguagem, na busca de experimentação, na liberdade criadora na ruptura com o passado. O evento marcou época ao apresentar novas idéias e conceitos artísticos dando inicio ao Modernismo no Brasil. A poesia através da declamação, antes, era só escrita. A música por meio de concertos, só havia cantores sem acompanhamento de orquestras sinfônicas. A arte plástica exibida em telas, esculturas e maquetes de arquiteturas, com desenhos arrojados e modernos etc, etc... São Paulo passou a se impor no Brasil pela cultura...

            Com a alma leve e feliz declarei meu amor à cidade que me fez historiadora, que me abriu novos horizontes...Cidade, enfim, do querido Rose, onde vivi anos de plena felicidade...

  

São Paulo, 27 de setembro de 2008.

Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg

POR CELINA CÔRTE - DISCURSO DA PRESIDENTE DA SOBRAMES-CE NO LANÇAMENTO DA ANTOLOGIA 2012 “MURMÚRIOS LITERÁRIOS” 20/11/2012 - IDEAL CLUBE – Fortaleza-CE


Dra. Celina Côrte discursando na Abertura do Evento
            Em primeiro lugar, com destaque à nossa apresentadora Regine Limaverde, da Academia Cearense de Letras, saúdo os componentes da mesa e todos os presentes que se deslocaram do conforto de seus lares para festejarem conosco a chegada de mais uma Antologia da Sociedade Brasileira de Médicos Escritores- Regional Ceará. Esta é a 29º obra publicada pela SOBRAMES- CE, com a colaboração de diversos sobramistas, médicos que se dispõem a ocupar seus momentos de lazer com o fazer literário. Hoje, em entrevista à Rádio O POVO/CBN, a entrevistadora Alexandra Souza perguntou-me como as pessoas vêem esta vertente literária do médico. Respondi-lhe que algumas pessoas aplaudem, outras talvez menosprezem por considerarem que o médico deva se dedicar diuturnamente ao estudo e à cura de seus pacientes.  Pelo bem ou pelo mal, ninguém permanece indiferente. Já é alguma 
coisa! Penso que as pessoas aqui presentes façam parte do time de nossos admiradores. Ainda em resposta à entrevistadora, afirmei, sem medo de cometer qualquer exagero, que nós médicos, quando descobrimos esta capacidade de nos comunicar através da literatura, tornamo-nos mais humanos, mais sensíveis, mais doces e mais cordiais. É disso que nossos pacientes não podem prescindir. Assim, considero que as artes, de modo geral, tornam o médico mais competente para dispensar o cuidado holístico, mais abrangente, aos seus pacientes. A ciência, por si só, não promove a cura. Ela necessita de algo mais! Quando se comunga com a religiosidade, confere humanidade à prática médica. Percebam que eu não disse religião. Na religiosidade repousam o respeito pelo outro, a amorosidade, a sensibilidade humana e a ética. Ciência e religiosidade devem caminhar juntas e, na Medicina, isto é de suma importância. A literatura, expressão humana tão tocante, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista. É pura emoção, capaz de revolver nossa intimidade em uma verdadeira catarse, trazendo à tona nossa iluminação e nossa obscuridade.  Refazemo-nos como pessoas e nos tornamos mais capazes de dedicar atenção e amor ao próximo, no sentido mais puro da palavra.

             Concluo minha fala, portanto, agradecendo a presença de todos vocês e, na oportunidade, também grata a Deus pelo dom literário transformador que envolve os médicos participantes desta Antologia. Nossos murmúrios literários são a forma de expressarmos a religiosidade que nos torna melhores como profissionais da Medicina.

            Muito obrigada!
                      Celina Côrte
 

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

POR WILLIAM MOFFITT - NOSSOS COQUEIROS ANÕES



NOSSOS COQUEIROS ANÕES [1]


Por  William Moffitt Harris [2]

Assim que terminamos de construir nossa casa em Campinas em 1979, minha esposa e eu resolvemos plantar umas trinta e poucas árvores frutíferas. Entre elas estavam coqueiros anões. Minha irmã trouxe três mudas do Recife, adquirimos mais três no CEASA, não muito longe de onde moramos e alguém – não me lembro quem – nos deu uma sétima muda.
Pusemos, anualmente, sal grosso misturado à terra vegetal, areia e esterco animal, na terra, em volta dos pés, conforme fomos orientados. Os coqueiros cresceram e começaram a produzir, após três ou quatro anos. No começo, eram um ou dois cocos por pé e, depois de alguns anos, à medida que iam crescendo, vinte ou mais.
O tempo foi passando e os coqueiros cresciam mais e mais, tornando-se cada vez mais difícil apanhar os frutos, mesmo com uma escada de pintor que tínhamos aqui.
Na época, nosso jardineiro era um cearense, moço ainda. Um dia lhe perguntei o que estaria acontecendo, já que as mudas que adquirimos, eram do chamado “coqueiro anão”. Parou o que vinha fazendo, pensou bem, coçou a barba rala e disse:
¾ Sabe, seu dotô, é que este é o coqueiro anão gigante.
Alguns anos mais tarde, cortamos os sete coqueiros, pois os cocos caíam e havia perigo de atingirem as crianças e seus amigos enquanto corriam pelo gramado.
Um velho amigo nosso do Rio de Janeiro, que tem um sítio na região dos lagos, em Araruama, disse-nos que, na verdade, não existe o chamado “coqueiro anão” mas sim uma variedade, que enquanto pequeno, carrega bem. Lembro-me de ter visto uma fotografia (tempo de Ginásio) no livro de Aroldo de Azevedo Geografia do Brasil um coqueiro com quatrocentos cocos formando um cone.



[1]           Publicado inicialmente no livro do autor Era Uma Vez Um Menino Travesso. São Paulo Legnar Editora, 2004. p. 65 (esgotado). Apresentado na 118ª Tertúlia Literária do Movimento Médico Paulista do Cafezinho Literário – MMCL (Núcleo de Sto André, em 12/12/09) e na reunião “Academia em Poesia” da Academia Vicentina de Letras, Artes e Ofícios “Frei Gaspar da Madre de Deus” de S. Vicente - SP em 14/12/09 no Clube Elos.

[2]              Pediatra Sanitarista. Prof. Dr. (aposentado) da Faculdade de Saúde Pública – USP. Fundador (05/05/05) e Coordenador Estadual do Movimento Médico Paulista do Cafezinho Literário – MMCL. Membro Titular ativo da Associação Brasileira de Médicos Escritores – SOBRAMES desde 2003, nível central SOBRAMES-BR, níveis regionais SOBRAMES-PE, SOBRAMES-RS e SOBRAMES-CE. Dissidente e separatista da SOBRAMES-SP. Membro Correspondente da Academia Maceioense de Letras. Sócio Titular da Associação Paulista de Medicina e Associado da Associação dos Médicos de Santos. Membro Associado da Academia Vicentina de Letras, Artes e Ofícios “Frei Gaspar da Madre de Deus” de S. Vicente - SP  

JORNADA DA SOBRAMES-CE EM QUIXADÁ - 18 DE MARÇO DE 2011

Na frente: Dr. Flávio Leitão e Dr. José Maria. Atrás, suas respectivas  esposas

Dr. Wilson, Dra Celina

Mesa de Abertura - Jornada da Sobrames-Ce Quixadá

Dr. Tomaz Ribeiro Ramos

Dr. Paulo Ferreira


Dr. José Maria Chaves e Profa. Aíla Sampaio

Dra. Ana Margarida

Dr. Paulo Ronalth

Dr. José Maria Chaves

Dra. Celina Côrte

Dr. Dalgimar Menezes

Dr. Walter Miranda

Dr. João de Deus

Dr. Marcelo Gurgel