Total de visualizações de página

sexta-feira, 1 de março de 2013

POR SEBASTIÃO DIÓGENES - LARANJEIRAS

Dr. Sebastião Diógenes - Médico e Tesoureiro da SOBRAMES-CE


                                    LARANJEIRAS






Na visita ao sertão, para ver a seca de perto nas terras do Riacho do Sangue, passei por Laranjeiras. O centenário vilarejo fica à margem esquerda do rio Banabuiú, a 7 km da sede do município, a cidade de Banabuiú, que nasceu e cresceu com a construção do grande açude. Defronte à igreja do glorioso padroeiro, São Sebastião, encontra-se a praça com o busto do senhor Giminiano Nobre, antigo benfeitor do lugar.  Obra de bom gosto e bem acabada, realizada na gestão do saudoso prefeito Dr. Benedito Gonçalves de Melo, o médico dos pobres, falecido em um acidente de carro em pleno exercício do mandato.

Todos os anos, no dia 20 de janeiro, celebram-se muitas festas em Laranjeiras, com o comparecimento de um grande número de fiéis. Além da missa e dos batizados, sucessos de maiores destaques, existe o comércio em barracas espalhadas pelas calçadas e pela praça: confecções, brinquedos, sandálias, óculos escuros, bijuterias, comidas típicas, cerveja, cachaça... E a secular prática da troca de pertences, porco por bicicleta, por exemplo, com a tradicional volta, porque todos sabem, a volta é que faz o anzol. Só não se vende cururu, porque a feira não é de Caruaru! Banca-se até o caipira, jogo de azar que a polícia faz de conta que não o vê, porque o dia é do Santo. À noite, é a vez do forró pé de serra, uma loucura quase divina: dançam, namoram, fecundam, desentendem-se e às vezes puxam faca, sem maiores assombros.

Contam os mais velhos a história engraçada de uma menininha muito devota. Enquanto a mãe sofria as dores do parto, trabalho difícil, ela foi à missa em Laranjeiras. Rezou pela sorte da mãe e depositou um óbolo no cofrinho da imagem do santo, que fletiu levemente a cabeça, em sugestão de agradecimento. A menina julgava que seria obra de milagre de São Sebastião e aliviou-se da angústia que lhe apertava o coração. Quando chegou em casa, o irmãozinho havia nascido em paz, sem intercorrências, sob a assistência das calejadas mãos da parteira Ana Romana. O feliz resultado obstétrico lhe reforçou a crença do milagre, que o tempo fê-la compreender a astúcia da clerezia.

Sebastião Diógenes.

Janeiro/2013.