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sábado, 25 de maio de 2013

POR: SÉRGIO MACEDO - LAR DOCE LAR

Dr. Sergio Macedo - Médico e Membro da SOBRAMES-CE

LAR DOCE LAR

Moro nos pântanos, 
A escuridão é permanente
Mas a casa é flutuante.
Tenho medo de afundar nas minhas verdades.
A névoa e as árvores caídas não me assustam.
Assustam-me as névoas, que vêm de dentro de mim,
as minhas árvores caidas.

Os morcegos e as desconhecidas aves são amigas, assustam-me as manchas que me permeiam o                                     raciocínio.    
Assustam-me as migalhas oferecidas.
Assustam-me os favores com gosto de cobrança,
mais que os morcegos e os vis répteis que me cercam.

Os mórbidos amanheceres sem luz
Refletem não o que penso que sou,mas a irreverência dos limites da existência.

Onde estão os valores?
Onde está a nossa liberdade de aquiescer a eles?
Ou somos, como o disse já,
apenas marionetes hormonais,
Nossos e dos outros???

Meus cadafalsos e minhas entranhas estão à             mostra.
Minhas verdades estão mais para o cristal que                   para a opala.
Portanto, este sou eu, perdido numa noite                       escura, escusa,
Confuso como a cabeça da medusa.



POR: VICENTE ALENCAR - BALADA DO ANIVERSÁRIO

Vicente Alencar - Jornalista e Diretor de Cultura e Divulgação da SOBRAMES-CE


BALADA DO ANIVERSÁRIO
Um dia diferente,
em meio a grande beleza.
O beija-flor abriu a festa
e o canto do bentevi
comandou as músicas
inspiradas no amor
que começaram a ser tocadas.
Um dia diferente, 
onde me volto para teus encantos
e olhando  o céu
levanto minha prece para tí,
para mim e para o nosso amor.
as flores estão felizes
as rosas começam a abrir
e uma balada de  felicidade
se ouve tanto longe como perto.
Um dia diferente, 
é um dia de outono
pois em todos os momentos
sentimos o prazer da vida.
E assim louvar este dia de bem querer
onde todos nós estamos felizes.
Um dia diferente
onde ao soar das taças
elevamos os nossos votos
de uma vida plena e feliz!

quinta-feira, 23 de maio de 2013

POR: CELINA CÔRTE - MAIO, MÊS DAS NOIVAS



 
Dra. Celina Côrte Pinheiro - Médica e Presidente da SOBRAMES-CE
MAIO, MÊS DAS NOIVAS

 Publicado no O POVO, Jornal do Leitor, pág 1, em 21/05/2013

De repente, percebo que estou no mês de maio. Mês das noivas que amanhã poderão se tornar mães; das mães que já foram noivas ou não; mês de Maria, Nossa Senhora, mãe de Jesus. Um mês agradável em nosso país, sobretudo nas regiões onde as estações  do ano são bem delimitadas. Uma delícia o frescor do mês de maio, com seu céu azul e um sol cálido, confortável! Ele realmente combina com as noivas que sonham seus vestidos brancos com que adentrarão as igrejas engalanadas, rumo a um sonho construído durante anos... Símbolos que perpassam gerações e se perpetuam... São marcos em nossa vida!
O essencial, porém, é o que vem depois, a vida construída ao lado do companheiro. O contato com a realidade e suas responsabilidades, inerentes à vida em comum, podem desconstruir rapidamente um sonho, caso ambos não compreendam que muitas   fantasias já não terão espaço. Uma construção conjunta, mas independente, onde cada um segue seu próprio ritmo e assim se respeitam. Que a sonhada alma gêmea não se transforme nas algemas do outro, impedindo seu crescimento. Amar com liberdade, não tirando do outro o seu bem mais precioso, para que a união seja preservada de forma sólida e agradável. Dar liberdade não significa alimentar a indiferença. Nesse mister, a mulher tem um papel fundamental no relacionamento como ponto de equilíbrio, face à sua inerente sensibilidade. Ambos, porém, terão que aprender a ceder, a lidar com as perdas, a se solidarizar nos momentos difíceis, a cuidar, a ser paciente, a renovar diariamente o amor, a respeitar a individualidade e os limites do outro. Não se trata de uma tarefa fácil, exige um exercício continuado. Contudo, consegue-se, com zelo, preservar uma união com o colorido do início do relacionamento, agora pautado na vida real, nem sempre doce ou pouco exigente. Uma questão de esforço pessoal!
  

terça-feira, 21 de maio de 2013

POR: MARCELO GURGEL - ILMO & ILMA



Dr. Marcelo Gurgel - Médico e Membro da SOBRAMES-CE

ILMO & ILMA
  Publicado In: SOBRAMES – CEARÁ. Receitas literárias. Fortaleza: Sobrames-CE/Expressão, 2010. 240p. p.182-3.

Como representante institucional, participei da mesa de honra de uma solenidade de colação de grau de uma faculdade particular de Fortaleza.

O mestre de cerimônias convida uma representante discente para ler uma mensagem, do tipo autoajuda, dirigida aos seus colegas formandos.

A concludente vai ao palco e começa a leitura:

– Ilma Sra. Beatriz Alcântara, representante do Governador do Estado do Ceará, Dr. Lúcio Alcântara.

Achei estranho porque a ilustre escritora da Academia Cearense de Letras tinha o prenome composto de Maria Beatriz, e eu desconhecia aquela prótese nominal.

– Ilma Sra. Fulana, representante do Sr. Secretário da Educação Básica do Estado do Ceará, Dr. Jaime Cavalcante.

De novo, a sonoridade protética despertou-me estranheza, que se exacerbou ao ouvir da ilustríssima colanda:

– Ilmo Sr. Beltrano, Diretor da nossa faculdade.

Daí em diante, estupefato com o que ouvi, precisei conter o riso, pondo a mão no queixo e cobrindo parcialmente a boca, evitando exteriorizar uma fácies sardônica, para um público superior a mil pessoas, ali reunidas.

A oradora docente prosseguiu, aplicando o pronome de tratamento, e desfilando o rol de Ilma & Ilmo das autoridades, incluindo um tal de Ilmo Marcelo Gurgel.

Marcelo Gurgel Carlos da Silva


Sobramista/CE e membro da ACM

segunda-feira, 20 de maio de 2013

POR: JOSÉ WILSON DE SOUZA - NOITE DE SOLIDÃO


Dr. José Wilson de Souza - Médico e Membro da SOBRAMES-CE

                        

                              NOITE DE SOLIDÃO

            Passei a noite ouvindo musicas.
            Nossas canções, antes de felicidades
            Aquelas canções, hoje de saudades

            Choveu na madrugada.
            Gotas, como lágrimas, caíam devagarzinho
            Fazia  frio, me senti abandonado.              
            Nos meus lençóis de sonhos, busquei um agasalho.
            Que se tornou muito grande pra me agasalhar sozinho

POR: VICENTE ALENCAR - EM CHAMAS

Vicente Alencar - Jornalista e Diretor de Cultura e Divulgação da SOBRAMES-CE

EM CHAMAS

Sirva-se das minhas mãos,
sirva-se dos meus olhos,
sirva-se do meu coração.
Sou todo teu
pois amar é doar-se.

Tenho todos os olhares,
          todos os afagos,
          todos os desejos,
de um corpo em chamas,
          que clama,
          que ama.

Sirva-se de mim. meu amor, 
pois a ti pertenço.

08.11.2007.

sábado, 18 de maio de 2013

POR: ANA MARGARIDA - A GUERRA AO ESCARRO NA LUTA CONTRA A TUBERCULOSE

 
Dra. Ana Margarida Rosemberg - Médica e Secretária da SOBRAMES-CE
A GUERRA AO ESCARRO NA LUTA CONTRA A TUBERCULOSE
 Publicado no Jornal do Médico em Revista - Edição nº 49, Março e Abril 2013, pág. 7.

Escarradeira pública








Quando, em 1882, Robert Koch descobriu o bacilo da tuberculose, a doença era responsável por 1/7 da mortalidade no mundo e um só tuberculoso era capaz de expelir, por dia, sete milhões de bacilos. 

O escarro, visto como o  grande veículo do bacilo, passou a ser combatido. As pessoas expectoravam abundantemente atapetando o solo, as paredes, os móveis e impregnando os lenços e as roupas. 

Era preciso conscientizar a população a mudar esse hábito. Leis foram criadas para combater o hábito de escarrar no chão e nas paredes. Surgiram grandes campanhas em diversos países do mundo em favor do uso das escarradeiras públicas e de bolso contendo líquidos antissépticos. Assim, surgiram na França, por volta de 1890, os escarradores portáteis individuais e os públicos.  
As primeiras escarradeiras eram pesadas, de difícil manejo e com abertura de diâmetro reduzido o que dificultava o ato de escarrar sem molhar suas bordas e sem formar verdadeiras estalactites. Além disso, o ácido fênico usado para neutralizar o bacilo era tóxico e exalava mal-cheiro provocando náuseas e acessos de tosse nos tísicos. As escarradeiras de diversos modelos e materiais tornaram-se objetos requintados que ornamentavam as residências dos ricos

Inúmeros cartazes com dizeres sobre o risco de escarrar no chão foram editados em vários países do mundo. No Brasil, as Ligas de Combate à Tuberculose e a Inspetoria de Profilaxia de Tuberculose (IPT) do Departamento Nacional de Saúde (DNS) do Distrito Federal encamparam esta forma de luta.
   
Criou-se uma verdadeira guerra contra o escarro chegando-se a uma histeria desencadeada pelas campanhas das instituições médicas. Em todos os países, viam-se cartazes afixados em todos os locais. Folhetos foram distribuídos às populações alertando-as sobre a transmissão da tuberculose. 

O comércio tirou proveito. Anunciavam-se escarradeiras próprias para hospitais, escritórios, fábricas, restaurantes, teatros, transportes coletivos etc. Em Paris, empresas faziam propaganda de escarradeiras de bolso e portas-lenço antissépticos descartáveis. Em Berlim, inventaram um preparado aderente para colar nas solas dos sapatos que matava os bacilos. Usavam-se impermeabilizadores de assoalhos com substancias bactericidas. 

Uma empresa internacional vendeu colchões e travesseiros com antissépticos que matavam os bacilos. Nos Estados Unidos, foi promulgada portaria proibindo escarrar nos assoalhos, plataformas das estações e viaturas públicas. Os contraventores eram multados com 25 dólares ou 10 dias de prisão. Em Viena, a multa ia de 2 a 200 coroas com prisão de 6 horas até 20 dias. Os hotéis da Europa ofereciam apartamentos sem tapetes e sem cortinas. 

Na guerra ao escarro, foi relevante o papel que as escarradeiras desempenharam. As antigas de madeira cheias de areia e serradura foram, irremediavelmente, condenadas pela higiene. Aquelas de metal, vidro ou ferro esmaltado, apesar de mais asseadas, não foram toleradas por muito tempo. Com a descoberta da quimioterapia contra a tuberculose elas caíram no esquecimento e, hoje, são peças de museus.

Ana Margarida Furtado Arruda Rosemberg

São Paulo, 10 de abril de 2013.



Escarradeira de porcelana
Escarradeira de metal
Escarradeira de louça
Escarradeiras de residência